Tal como o ano passado no dia 1 Novembro, no qual pactuei comigo mesmo que todos os anos enquanto as pernas me permitirem, farei esta "peregrinação" à Cabeça da Azinha, este ano e apesar das condições metereológicas não serem as melhores, a "peregrinação" tinha de ser cumprida. Como o ano passado fui sozinho, e como tambem acho que este tipo de aventuras devem ser partilhadas, novamente lancei o desafio a alguns colegas e Amigos, mas... apenas o Bruno Matos prontamente manifestou vontade em alinhar nesta aventura.
Saí de casa às 8h00, depois de um bom pequeno-almoço, pois a jornada assim o exigia, e fui em direcção ao Teixoso onde tinha marcado às 8h30 a hora partida, e lá estava o companheiro Bruno, pronto para pedalar. Cada vez mais tinha receio das condições metereologicas assim que a subida no terreno fosse progredindo, pois olhar o alto da serra não encorajava muito, mas... lá fomos, e entre conversas a Fonte dos Amieiros foi a nossa primeira paragem, apenas pra abastecer de água, e para que o Bruno pudesse contemplar o quão místico é aquele local, era a primeira vez que ele ali passava, e sem margem para duvidas aquela floresta é única. Já agora... quem é que não tirou as fitas de marcação desde a curva dos moinhos até ao Alto S.Gião ????
A descida para Verdelhos fez quebrar o nosso ritmo de conversas, também não é pra mais, toda a atenção é pouca, e com estas primeiras chuvas, o caminho está muito degradado, muita pedra solta e as já habituais valas escavadas pela agua, chegar a Verdelhos sem furar já é mais que bom!!! E com a chegada a Verdelhos as primeiras pingas de chuva, mas que rapidamente desapareceram. O caminho ao lado da ribeira de beijames era agora o nosso próximo trajecto que nos levaria até Vale de Amoreira, antes ainda uma paragem no "sujo" Parque Merendas da Comenda, onde fizemos o primeiro abastecimento sólido e reabastecimento liquido, daí seguimos pelo alcatrão até Vale Amoreira, onde como já se sabe iria ter inicio a "diversão", pois de Vale Amoreira até ao Fragusto nada mais há que fazer a não ser subir, subir, e claro subir.
Ascenção iniciada e pouco depois o Bruno ao falhar uma passagem "caixa" rebenta com o cabo do travão,nem sei muito bem como,mas estas coisas acontecem. Ficando com algum receio em continuar, decide abandonar e voltar ao Teixoso por estrada, como ele estava muito perto de Vale Amoreira, eu decido continuar a "peregrinação" e mais uma vez sozinho. Os primeiros minutos foram de algum desconforto pois o companheirismo estava a tornar a jornada muito agradavél, tive então de procurar uma "gaveta desarrumada" pra ter em que pensar. Adoro aquela subida pelo meio da floresta até ao Fragusto, e deu uma grade ajuda todas aquelas enormes árvores, que não deixavam que a chuva chegasse cá abaixo na totalidade, miudinha mas sentia-se. Cheguei ao Fragusto, e como não podia deixar de ser tive de parar e enfiar-me no meio daquela mata digna de um filme pra exibir depois da meia-noite, é assustadora e majestosa, aproveitei e reabasteci de sólidos.
O objectivo estava próximo, mas ao deixar o Fragusto e olhar em frente pensei algumas vezes se conseguiria lá chegar, tal era o nevoeiro e a rápida deslocação do mesmo, um pouco assustador confesso, mas a vontade em cumprir o objectivo e o ainda bom estado de conservação da mente, falaram mais alto. A juntar ao Nevoeiro, o caminho após se passar os castanheiros está um autêntico labirinto de valas e regos com o típico cascalho fura pneus à mistura. Quanto mais me aproximava da Azinha menos tinha a noção disso tal era o Nevoeiro, e nem na subida final se conseguia ver a torre do posto vigia, isto às 12h32.
Paragem para reforço alimentar, bem encostadinho ao posto vigia tentando abrigar-me da ventania, e "aviei" rapidamente duas sandes marmelada caseira da DªBarbara, vesti o corta-vento, e mesmo antes de lá chegar já tinha decidido que não havia condições para cumprir o percurso do ano passado, regressei novamente ao Fragusto e desci para Valhelhas, e foi o pior que podia ter feito, pois toda aquela descida da Serra da Cabeça Alta até Valhelhas, estragou-me completamente as pernas, quando parei na fonte na vila, tinha as pernas geladas e mais pareciam cimento tão duros que estavam os músculos, tanto que ao desmontar da "Flausina" levei com uma cãibra na perna esquerda que nem me mexia. Uns alongamentos e um gel S.O.S, e lá apareceu o António Sá e a Família (Kevin,Steve e a Mãe) aos quais agradeço a preocupação que tiveram comigo, e aqueles 10 minutos conversa serviram para recuperar animo que tinha perdido durante a interminavél descida do Fragusto até Valhelhas.
Deixei Valhelhas, e tomei o caminho a seguir à ponte que vêm dar ao Sarzedo, ainda houve tempo pra uma buzinadela do António Sá a dar animo para a ultima subida, a qual fiz já em gestão de esforço, mas sempre com andamento certinho. Pra acabar a jornada ao chegar ao Sarzedo o S.Pedro fez questão de marcar a sua presença nesta aventura e daí até ao Teixoso foi sempre a "malhar" agua e com fartura, deu pra "flausina" se refrescar e lavar os "pezinhos" depois destes 75km/1750m ac+.
Para o ano dia 1 Novembro, se ainda estiver por cá, a "peregrinação" repete-se, com uma certeza, sozinho ou com companhia, as cores com que o outono pinta a nossa serra são fantásticas, para mim BTT é outono/inverno, sem duvida!
Abraço a todos e bons empenos.